sexta-feira, 8 de abril de 2011

DIVINA TRAGEDIA


Sigo...
Vejo valas e corpos
E esse cheiro de enxofre
Arde nos olhos e na alma...

Trôpego e cansado,
Cansado mas determinado,
Exausto...visões tétricas...
Lamentos e horror.

Nunca pensei seguir
Por este caminho...
Ver tanta dor...
Espinhos.

E agora entendo,
Sigo...
Encontro-o,
Sigo-o...

Dante Alighieri...
Nunca imaginei que eu
Também como ele sairia
Do inferno em busca do céu.

Que como ele
Procuraria no infinito
Aquela que encantou meu coração
E desapareceu no além.

Que charfundaria no lodo,
A passos pesados enquanto
Minhas pernas
Afundam até o joelho.

E enquanto eu perplexo
Viajo sem palavras
Ele grita Incessantemente
Por sua Beatriz.

Agora conheço Dante,
Como nunca
Imaginei conhecê-lo
Um dia.

Somos íntimos,
Somos irmãos,
Somos reféns...
Ousamos amar um dia.

E como aceitar
Se perder tão grandes amores...
Como aceitar
Perder-se a si mesmo.

E nessa viagem
Por mais escuro e fétido...
Por mais sádicos e cruéis
Que sejam o inferno e seus algozes,

Não é nada se comparado
Ao desespero da busca
De quem se ama e se foi...
Ou da busca de si mesmo.


 
Agora sei... Assim o poeta Alighieri
Suportou o inferno...
Tendo dentro de si um inferno
Muito mais monstruoso... Doloroso.

Um inferno do qual não poderia sair...
E que iria com ele do reino Luciférico até o paraíso...
Um inferno que o acompanha
Onde quer que ele estivesse.

Caminhando ao seu lado
Percebo as mudanças de paisagens...
Adentramos o purgatório
E o cheiro de enxofre nos acompanha.

Tristezas,
Meditações,
Arrependimentos e
Transformações.

Nossas musas não saem de nossos pensamentos
E com a mesma intensidade
As buscamos
Como o ar que se respira.

Depois de muito viajar de repente se faz luz...
Anjos e querubins...
Rios de leite e mel...
Sons de chofar.

E em meio a jardins
De cristais e diamantes,
Trocamos olhares
Onde a tristeza insiste em não se retirar.

Por mais belas que sejam as paisagens
O inferno insiste em nossos corações
Acompanhando-nos
Onde quer que estejamos.

De repente uma voz suave
E em meio a uma brisa constante
E perfumada
Surge Beatriz.

Os olhos do poeta maior brilham
Em meio a lagrimas e emoção
E diante de tal visão agora sim
O poeta adentra o paraíso finalmente.

Não encontro minha diva,
Santificada pelo meu amor...
Não a encontro... Assim continuo...
Até mesmo no céu vivendo minha divina tragédia.


8 comentários:

  1. É preciso aceitar que o inferno e o céu estão dentro de nós, dependendo do nosso olhar para reinar absoluto e nós transformar, o outro é inspirador, mas só em nós tem auto-amor,esse é o remédio curador de toda dor poetal...Então meu amigo, vamos nos amar muito mais, antes de amar outro alguém. Bjs...Muitos beijinhos!!!
    obs. Falar é fácil, eu sei! Mas chegaremos lá.

    ResponderExcluir
  2. Os versos têm uma bela conotação trágica.
    Adorei! bjs

    ResponderExcluir
  3. Diferente,sem dúvida,mas tem a tua marca.Marca essa impressa em tão intensos versos.Sempre encantada!

    ResponderExcluir
  4. AMEI TUA POESIA, ACHO QUE VC VAI SER DA ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS, TUA BEATRIZ E TUA TRAGÉDIA FICARAM LINDAS, E TEU AMIGO POETA DANTE QUE SE CUIDE, O PÁREO É DURO. PARABÉNS AMIGO!!!AMEI TUA PROFUNDIDADE, APESAR DE TANTA SOLIDÃO E PROCURA PELA AMADA. VAI ACHAR EU SEI.

    ResponderExcluir
  5. Tão profundamente, intensas e amáveis tuas palavras. Oh My God! Amei vir aqui. Desde já te seguindo e avise-me de novos Posts.

    Bjks,

    ResponderExcluir
  6. Registra essas poesias. Parabéns cara, adorei os mesmos.

    ResponderExcluir
  7. ESTIMADO ADEMIR OBRIGADO PELO VISITA...SIM TODAS AS MINHAS POESIAS QUE SÃO VEICULADAS NO BLOG OU NO RECANTO DAS LETRAS SÃO REGISTRADAS...AMPLEXO !!!

    ResponderExcluir