sexta-feira, 15 de julho de 2011

A MATEMÁTICA E O POETA

   

                                                  


Matemática era exata em sua observação do mundo, era alta e elegante, vestia-se sempre com discrição e sobriedade...não era muito chegada a filosofia, mas encantada pela lógica...era esguia no seu vértice mas até se podiam ver curvas na sua hipérbole e uma linda concavidade na sua parábola.
Calada e de sorriso contido provocava admiração de todos pela forma fria e inflexível que enfrentava os problemas diários, que eram calculados e resolvidos dentro dos resultados obtidos de forma sempre linear, somando-se todos os elementos envolvidos e subtraindo o que não fosse relevante.
Ela nunca foi de se envolver com qualquer um, principalmente com aqueles que para ela não são muito racionais. Teve um de seus primos que fez essa besteira e envolveu-se com uma tal de poesia...ficou estranho, pensativo, começou a delirar, falando de relatividade, tempo, espaço... Resumindo pirou.


Poeta era um cara porreta apesar de bonachão e ter aquele ar desligado e sempre fitado no horizonte. Gordinho, não muito alto mas extremamente simpático sempre fazia novas amizades de todas as idades. Encantava-se com tudo, atento mesmo sendo lento no agir e no pensar que apelidou de meditar. Conversador, risonho levava todos a refletirem pela forma transcendente que via a vida, suas mazelas e feridas... Encontrando sempre novas formas ou maneiras completamente diferentes para ver e entender  o que era obvio... Mas ninguém via. Se metia em tudo e qualquer ser humano lhe era encantador... Mesmo os mais difíceis, esquizofrênicos, violentos, sedentos... Toda a natureza lhe era bela e dela pintava lindas e rimadas aquarelas... Desligado da lógica e das exatas utilizava-se dos números para contar apenas estrelas e estrofes... Somando versos... Multiplicava sentimentos... Dividia alegrias e lamentos... Subtraindo de si toda a angustia por não entender a dor no mundo.


Um dia, desses que nos pregam peças e os anjos e deuses se reúnem e ficam nos assistindo apenas para se divertirem da humanidade... Matemática ao voltar da faculdade onde era catedrática  viu aquele ser exótico, de bermuda, cabelo trançado e sandália de couro nos pés... Mas o que chamava mesmo a atenção era sua camisa estilo havaiana  coloridíssima. Este ser estava sentado no calçadão fitando o mar as 11:00 da manhã... Horário de se estudar, trabalhar, cozinhar menos olhar o mar... Afinal de contas era uma segunda feira gorda. Essa perplexidade inundou matemática que percebeu que precisava parar e entender a situação, talvez pudesse ser explicada por uma equação ou teorema qualquer pensou ela...


Ele estava imóvel, impassivo enquanto uma leve brisa balançava suas tranças cheias de dredes... Pela profundidade do olhar matemática imaginou que ele estava afundado em profundos cálculos diferenciais... Ela querendo entender o por que daquela transcendência já estava se irritando com a apatia dele que parecia não vê-la ali angustiada. De repente ele tranqüilo, com uma voz profunda e reflexiva se vira para ela e diz..lindo não...como é belo o azul desse mar...muito prazer...sou poeta. Ela petrificada respondeu prazer sou matemática... estava incrédula e quase assustada...só isso..não há cálculos diferencias...teoremas...nem uma simples possibilidade de apenas uma regrinha de três...o azul do mar?...sim apenas o azul do mar estava encantando aquele sujeito...isso era tão absurdo, tão ilógico que matemática chegou mais perto e olhou nos olhos de poeta para ver se isso era verdade...poeta se sentiu privilegiado e agradecido  em que tão dileta moça parasse e lhe desse atenção...as pessoas que passavam por ali estavam sempre muito apressadas e não paravam para olhar nos olhos...poeta  pensou quanta humanidade e gentileza; o mundo tem jeito sim...enquanto matemática fitava-o incrédula. De repente nesta troca de olhares deu-se um sentimento estranho a matemática... um remoer de estômago...e por um breve instante de uma forma ilógica, incomoda e absurda ela só conseguia ver os olhos de poeta, o tempo parou, não havia a densa matéria...e de uma forma etérea apenas suas artérias pareciam querer arrebentar. . breve instante que se deu em segundos apesar do sentimento de eternidade a precedê-lo.


Poeta lhe deu um doce sorriso... estava aberto a vida... sempre pronto ao encontro... ao desconhecido...ao amor  que preenchia sua existência de criatividade...serenidade madura e pura...doçura...jovial candura que nem  à fria matemática passou despercebida. Assim ele transformou aquele momento em lindos versos...e matemática com o olhar mais uma vez perplexo não entendia de onde vinham tantos sentimentos rimados e completos...de emoção...intensidade e sofreguidão...assim se deu o inicio desta união...entre matemática e poeta...palavras incertas e descobertas na amplitude da linha reta.
     
                                                                 





The math and the poet            

Mathematics it was very accurate in its observation of the world, it was tall and elegant, dressed always with discretion and sobriety ...it was not very close to philosophy, but it was enchanted by logic ...it was slender in its vertex but even so you could see curves in its hyperbole and a nice concavity in its parabola.
Quiet and with a contained smile provoking admiration of all for the cold and uncompromising way it faces the daily problems, which were calculated and resolved within the results so always linear, summing up all the elements involved and subtracting what was irrelevant.
It has never been involved with anyone, especially those that are not very rational. Had one of its cousins that made that bullshit and became involved with such  poetry ... got weird, thoughtful, started raving, talking about relativity, time, space ... in short, got crazy.
Poet was an excellent guy and despite being simplistic and having that look 'off' and always stared at the horizon. Chubby, not very tall but extremely sympathetic always made new friends of all ages. Delighted with everything, even being aware slow in acting and thinking, which he calls of ‘meditate’.
Speaking person, always smiling, led everyone to reflect the way it saw the transcendent life, its warts and sores ... always finding new ways or completely different ways to see and understand what was obvious ..but nor anyone could see.
He participated of everything and every human being was lovely ... even the toughest, schizophrenic, violent, hungry ... all nature and her beautiful painted beautiful and rhymed watercolors...disconnected from logic and exacts that he used.
Someday, in those that play pranks and the angels and gods gather and stay watching us just for fun ...mathematics was coming back from the college where it was a professor and saw that exotic being. He was wearing shorts, braided hair and a leather sandal... but what has catched her attention was his  style and colorful Hawaiian tshirt. That exotic being was staring the sea at 11:00 am ... time to study, work, cook…anything less looking to the sea ... after all it was monday. The perplexity math realized that needed to stop by and understand that situation, perhaps it could  be explained by an equation or any theorem.
He was motionless, impassive while a light breeze rocked her braids full of dredes ... and in the depth of his gaze, math figured he was sunk deep in differential calculations ... and it wondering why why that transcendence, was already irritated with his apathy that seemed not anxious to see her there
Suddenly with a deep and reflexive voice it turns to her and says.. isn’t beautiful? ... how beautiful is the blue of the sea ... nice to meet you ... I am a poet.
She was terrified, and answered, nice to meet you too, I’m math ...i was incredulous and almost scared ... just that .. there is not differential calculus… theorems ... not a mere possibility of only a single rule of three... the blue sea? ... but only the blue sea was delighted that guy ... it was so absurd. So illogical, that mathematics came closer and looked into the eyes of the poet to see if that was true ... the poet felt privileged and grateful for so affectionate lady stopped and gave him attention ... people who passed by there were always very rushed and did not stop to look in the eyes... the poet thought how much humanity and kindness…the world has a chance…while math stared him incredulously. Suddenly, in this exchange of glances, the math felt something strange ... a brooding stomach ... and for a brief , illogical, absurd and annoying moment, . she could only see the eyes of the poet, time stopped, there was not a dense matter… and in a spiritual way, your arteries seemed they would burst. Brief moment of seconds .. despite the feeling of eternity ..

the poet gave him a sweet smile ... was open to life ... always ready to meet ... the unknown ... the love that filled their existence of creativity .. mature and pure serenity… youthful and innocence sweetness that even the cold math could notice. So he turned that moment into beautiful verses ... and math with a perplexed look, did not understand where come from such rhymed feelings ... and full of emotion ...intensity and eagerness ...this way has began a union ... between mathematics and poet .. uncertain words and discoveries in the amplitude of the straight line.

                                                                               Andriz Petson Velloso Guimarães.

14 comentários:

  1. Magnífico texto,amigo,que una a razão á sensibilidade.
    Digno de grandes autores. bjs

    ResponderExcluir
  2. Um show de arte em letras,sensível e só resta APLAUDIR DE PÉ*Nesta tua matemática eu apenas diria que=
    Mulher é um Livro Inacabado,Enigmático...
    Parabéns amigo.Nota mil.Bjus\Flor*

    ResponderExcluir
  3. Olá Andriz,
    Adorei esta postagem. Só mesmo um poeta de sua grandeza para escrever algo tão bonito que, a certa altura, parece ser uma obviedade: duas pessoas que se encontram como se fossem seres normais. No fundo, o mar azul que convida a um diálogo entre a ciência exata e a poesia, num romantismo antes nunca visto.
    Gostaria que conhecesse meu blog. Se gostar, siga-me e deixe um comentário. Ficaria feliz ao vê-lo por lá.
    Um grande abraço,
    Maria Paraguassu.

    ResponderExcluir
  4. Bom dia! Adorei o conto. Obrigada pela dedicatória. Apaixonante teu modo de escrever. Eu gosto de ler coisas assim onde passeio suave entre as letras e as idéias. Detesto ler dicionário ou reler para me encaixar em algum texto. Obrigada, então, por dividir comigo o seu canto e me deixar passear por ele. Obrigada! Beijos. Waleska Zibetti.

    ResponderExcluir
  5. Não tenho nenhuma afinidade com as ciências exatas, mas assim versejada ficou linda!
    Beijos.

    ResponderExcluir
  6. Execelente, adorei muito a equação...!! Show de bola!

    ResponderExcluir
  7. Oi, vim conhecer seu blog e adorei! Sobretudo pela sua sinbiose profissional e pessoal. Se desejar, visite o meu http://carloscostajornalismo.blogspot.com.br/ e qualquer texto em crônica que escrevo pode ser copiada e republicada em qualquer blog, inclusive do amigo se desejar, citando a fonte e o endereço de meu blog pessoal. Escrevo por puro prazer já que fui aposentado por invalidez e essa agora é minha diversão. Se desejar, lei pelo google, meus livros DE JORNALEIRO A JORNALISTA - UMA HISTÓRIA DE VIDDA, O HOMEM DA ROSA, e O CAMINHO NÃO PERCORRIDO - A trajetória dos assistentes sociais masculinos em Manaus (livro científico). Um abraço,

    ResponderExcluir
  8. Sua criatividade é ótima. Adorei as reflexões e análises que voce discorreu em todo o seu texto.Você tem muito talento e potencial, pois não é fácil hoje em dia encontrar pessoas que pensem por si mesmos, que criam suas próprias teorias, verdades e formas para ser, para pensar, para poetizar, para viver. Abraços.

    ResponderExcluir
  9. Senti-me tentada a vir até aqui, pois a poesia cujo tema ´´A matemática e o poeta`` lembra-me de uma ciência que é uma das pernas da física. A Física descobre, mas... ahhhh..essa matemática prova. Ambas se completam e, ainda que eu seja amante da física, já tive um caso com esta matemática. Rsrrs. beijos. Muito lindo. Adorei.

    ResponderExcluir
  10. Realmente ficou brilhante e cheio de encanto... sua indicação a essa leitura,só trouxe-me prazer,pois amo tudo que seja romântico e lírico...A poesia e o poeta de certa forma anda abraçado com a matemática e suas formulas...Felicitações poeta,amei mesmo de coração! Abraços!

    ResponderExcluir
  11. Lindo texto, perfeita combinação! Parabéns!

    ResponderExcluir
  12. Toda mulher precisa de um matemático para resolver seus problemas e de um poeta para recriá-los.

    ResponderExcluir
  13. Que texto maravilhoso! que comparação fantastica o exata, a inspiração. Parabéns!

    ResponderExcluir